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CATÁLOGOS DE MANUSCRITOS HEBRAICOS NAS BIBLIOTECAS DO VATICANO E DE PARMA

Quando se trata de Organização do Conhecimento, um grande exemplo de instrumento capaz de manifestar uma historicidade da aquisição documental é o catálogo. Em seu ensaio, o pesquisador Daniel Lasker (2011) aponta que um bom catálogo de biblioteca pode não apenas apresentar um registro de obras, como também uma própria história dentro de sua constituição.



Para exemplificar, são apresentados dois exemplos de catálogos que descrevem coleções de manuscritos hebraicos, localizados em duas bibliotecas italianas: um pertencente à Biblioteca Palatina, na cidade de Parma (elaborado em 1803), e o outro à Biblioteca do Vaticano, em Roma (publicado pela primeira vez em 1756). Ambos os catálogos são dotados de uma introdução que explica como as coleções foram obtidas ao longo dos anos, fornecendo uma historicidade às obras que as compõem.

Ambos os catálogos abordados pelo autor compartilham aspectos em comum, como índices detalhados de pessoas (escribas, tradutores etc), assuntos, nomes de lugares, títulos (em hebraico), poemas e piyutim (poemas litúrgicos). Entre suas diferenças, o autor aponta que o catálogo de Parma possui um índice de censores e um índice de manuscritos datados em ordem cronológica. É dividido em tópicos (como “Bíblia” e “Cabala”) e os manuscritos são numerados de forma consecutiva. O catálogo do Vaticano, por sua vez, não possui categorização por tópicos, sendo assim necessário utilizar o Índice de Assuntos para encontrar manuscritos em temas análogos.


O autor apresenta que ambos os catálogos são capazes de fomentar uma pluralidade de estudos: a questão do valor comercial dos manuscritos na Idade Média, bem como a forma como eram realizadas essas trocas comerciais e o ciclo de circulação das obras – entre escribas, livreiros, cidadãos comuns, censores cristãos que aprovavam os manuscritos etc. Os lugares e datas fornecidos pelos catálogos apresentam bases para o estudo da demanda por manuscritos, o que pode indicar as condições econômicas de determinada região em um período delimitado.


Essas e muitas outras possibilidades de abordagem que podem ser extraídas da análise dos catálogos os colocam como importantes ferramentas para a análise histórica de um determinado período. Para a Biblioteconomia, apresentam a importância da representação e do registro das informações referentes às obras para a contextualização destas, não apenas em seu papel na história humana, mas para compreensão de sua própria historicidade bibliológica.


Fonte


LASKER, Daniel J. Two new invaluable research tools: catalogues of the hebrew manuscripts in the Vatican and Parma libraries. The Jewish Quarterly Review, Pennsylvania, v. 101, n. 3, p. 459-465, 2011.

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